No ambiente empresarial, as
relações contratuais, legais ou éticas podem forçar os indivíduos a alterar
suas decisões iniciais. Quanto maior for o número de pessoas envolvidas, mais
complexas tendem ser essas relações. Considerando que as informações sobre o
comportamento dos indivíduos não se encontram amplamente disponíveis, é
necessário que as firmas busquem mecanismos que façam com que os funcionários
se sintam motivados a alcançar os objetivos propostos pela empresa. Sendo
importante que os funcionários percebam qual é a missão e visão da empresa e
que as compreendam como relevantes nessa relação (CORREA, 2010).
Em decorrência da complexidade
envolvida nessas relações, a obtenção de informações acerca do comportamento
dos agentes no ambiente empresarial é uma fonte importante para o
estabelecimento dos incentivos que otimizem o desempenho desses para a obtenção
das metas propostas pelo principal.
Sob a abordagem do
agente-principal dois atores devem colaborar para a criação de um serviço.
Essas duas pessoas não são parceiras e não estão em condições de igualdade. O
agente é a pessoa que trabalha para o principal. Assim, a abordagem agente-
principal é fundamentalmente um problema de contrato, especificando quanto da
produção do agente deve retornar ao principal (AHMAD, 1997).
O que torna a abordagem do
agente-principal distintiva é a incorporação de informação assimétrica,
significando que o agente conhece mais que o principal sobre o serviço em
questão e de tal maneira que afeta o resultado final.
Dentro desse contexto surgem duas
dificuldades básicas: O risco moral e a seleção adversa, teoria econômica
reconhece a seleção adversa como um comportamento oportunista ex-ante, isto é,
ocorre antes da efetivação da transação entre os agentes econômicos, decorrente
do custo de acesso a informação por parte do agente consumidor. Um exemplo de
oportunismo ex-ante pode ser a contratação de uma empresa fornecedora de um
produto ou serviço, cujas especificações ela tenha conhecimento antecipado de
que não possui expertise para produzir (RODRIGUES, 2011).
A seleção adversa, portanto,
decorre de comportamentos oportunistas originados da assimetria de informações
ao nível pré-contratual, e para evitá-la é necessário encontrar mecanismos que
possam reduzir as assimetrias existentes.
A teoria econômica reconhece
também o risco moral (moral hazard) como um comportamento oportunista,
decorrente de informações assimétricas entre agentes econômicos, porém ex-post,
isto é, ocorre posteriormente ao estabelecimento de contrato entre as partes ou
devido a um comportamento imprevisto durante a sua execução. Embora ocorra
durante a execução do contrato, a informação assimétrica que dá origem ao risco
moral não é referente a características não conhecidas dos agentes, mas a um
comportamento oportunista desconhecido pelo outro agente, quando se firma a
relação contratual (RODRIGUES, 2011).
Para se falar sobre a relação
entre os burocratas e os cidadãos é preciso falar sobre a teoria da escolha
pública, que segundo Pereira (1997) é definida como a aplicação do método
econômico a problemas que geralmente são estudados no âmbito da ciência
política: grupos de interesse, sistemas eleitorais, partidos políticos e a
constituição entre outros. A abordagem da teoria da escolha pública é,
sobretudo processual. Cada escolha coletiva, no processo político, é resultado
das preferências dos agentes envolvidos na escolha (cidadãos num referendo,
deputados no parlamento) e das regras e procedimentos que permitem passar de
preferências diversas de cada indivíduo para uma única escolha coletiva
(PEREIRA, 1997).
Partindo do pressuposto da
racionalidade egoísta, a teoria da escolha pública oferece um modelo onde
políticos, burocratas e eleitores são maximizadores de utilidade, atuando sob a
coerção de determinadas regras institucionalizadas. Segundo Downs (1957), os
governantes são motivados por dinheiro, poder e privilégios no exercício da
função pública, razão pela qual a busca do interesse público é sempre
subproduto do interesse dos políticos em vencer as eleições. Como os eleitores
normalmente não têm acesso a todas as informações necessárias para votar de
forma racional e, portanto, fiscalizar seus 20 representantes, abre-se espaço
para a manipulação da agenda política e dos recursos públicos em favor de
políticos auto interessados e suas clientelas.
Se o controle dos cidadãos sobre
os políticos é por natureza imperfeito e sujeito à manipulação, o controle
sobre a burocracia pública guarda dificuldades ainda maiores. Os burocratas são
normalmente nomeados e não eleitos, o que pode colocar seus objetivos ainda
mais distantes dos interesses do público.
Um dos principais problemas do
setor público é a ineficiência de seus empregados, um segmento que é destaque
negativo são os políticos. É bastante comum as sessões do plenário do Senado e
da Câmara dos Deputados serem interrompidas por CPIs, projetos de leis
esdrúxulas e abstenção dos seus participantes (DELVECCHIO, 2016).
Há claramente o problema da
relação agente-principal. A população representa o principal (indivíduo que
emprega um ou mais agentes para atingir um objetivo) e os políticos, o agente
(indivíduo empregado por um principal para atingir os objetivos deste). O
contrato se dá por meio das eleições. A dificuldade ocorre quando o político,
após eleito, passa a perseguir as suas próprias metas, ao invés das da
população.
A principal questão é que os
agentes não têm incentivos para seguir os interesses do principal. Por terem um
sistema que os protege (imunidade parlamentar, possibilidade de julgamento
apenas pelo STF ou por eles mesmos, longo processo administrativo) e estarem
longe de seus estados de origem, os políticos federais vivem à parte da
população. Nada os compele a serem mais eficientes e a buscarem os objetivos do
povo que os elegeram. Sem poder exercer o devido controle, a população fica
refém da canalhice da classe política. O resultado é a patética situação do
Senado e da Câmara (DELVECCHIO, 2016).
De acordo com Weber (1922), numa
democracia, os políticos eleitos são detentores de legitimidade e
responsabilidade política. Cabe a eles, por meio dos partidos, a formulação de
programas políticos a serem referendados pelos eleitores. Com o advento da
burocracia como forma de dominação racional/legal Weber percebeu o risco de a
burocracia estatal avançar em suas atribuições e passar a formular políticas,
dado que dispõe de conhecimento técnico necessário para tanto. Por mais que a
formulação de políticas necessite de conhecimento técnico, a burocracia não é
apta a tomar esta ou aquela decisão, pois lhe falta legitimidade. É uma questão
de accountability política, já que os burocratas não são eleitos. Em consequência,
torna-se imperativo num regime democrático, o controle dos políticos sobre as
ações da burocracia, pois pode haver o falseamento das metas estabelecidas. E
um exemplo disso é dado pelo problema da corrupção burocrática.
As dificuldades do modelo
agente-principal podem ser minimizadas pelo principal quando esse fornece
incentivos ou benefícios para que os agentes ajam de acordo com os interesses
estipulados por ele. Dessa forma, os incentivos são eficazes em interferir na
tomada de decisões dos agentes, desde que o principal comunique, mesmo que
implicitamente, quais são as suas metas e o que precisa ser realizado pelos
agentes para que elas sejam alcançadas. Outra forma seria a intervenção do
governo que se justifica pelas falhas de mercados em razão da ineficiência
econômica e da não equidade na distribuição de renda. Conforme Mendes et al.
(2009), "embora os mercados competitivos funcionem teoricamente bem, na
prática ocorrem falhas. Logo, o governo intervém na economia, porque os
mercados não funcionam bem, distorcendo o processo de alocação de
recursos". Embora a intervenção governamental seja necessária em casos de
falhas de mercado, devemos levar em consideração que essa intervenção pode
melhorar ou piorar a situação da alocação de recursos, isto é, não
necessariamente uma intervenção do governo será boa em casos de crise
econômica.
Em termos de setor público,
podemos falar de uma relação contratual no sentido de que o governo irá
remunerar os seus agentes pela prestação de um determinado serviço, e os
agentes irão contribuir para o alcance de uma determinada meta/objetivo.
A teoria dos custos de transação
argui que as prioridades de governo serão executadas pela minimização dos
custos envolvidos na sua implementação, assim o governo delegará aos agentes a
tarefa de implementar os políticos.
Sob a abordagem do
agente-principal o governo empregará diferentes tipos de agentes para a
implementação de sua política.
O agente então estabelecerá um
contrato com o principal baseado num sistema de incentivos pressupondo que o
agente é capaz de estabelecer o preço (custo) de seus serviços, o agente
empregará mais esforço de acordo com a sua remuneração (mais esforço está
associado a maior remuneração).
O agente é motivado pelo seu
próprio interesse, isto é, ele somente irá despender maior esforço se
adequadamente remunerado.
Uma questão que se cobra em
seguida é a capacidade do setor público de maximizar uma função de valor social
em interposição ao setor privado que busca maximizar os preços, vendendo seu
produto ao maior preço e menor custo, o setor público não possui uma função de
utilidade social que possa ser remunerada.
REFERÊNCIAS
AHMAD,
E. CRAIG, J. Intergovernamental transfers. In: TER-MINASSIAN, T. (Ed.). Fiscal
federalism in theory and practice. Washington D.C.: International Monetary
Fund. 1997.
CORREA, E. M. ALVES, T. W. RELAÇÃO AGENTE-PRINCIPAL:
O CASO DO BANCO DO BRASIL, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo,
2010.
Delvecchio,
G. Setor público: o problema do agente-principal. Revista de economia,
biblioteca digital de periódicos - UFPR V. 42, N. 3 (2016). Acesso em
04/09/2017.
DOWNS,
A. An Economic Theory of Democracy. New York, Harper and Row. 1957.
MENDES, C. M. Introdução à Economia. - Florianopolis:
Departamento de Ciências da Administração/ UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2009.
PEREIRA, P. Escolhas coletivas em regimes
democráticos, ed. AEISEG, mimeo, Economia Pública, 1997.
RODRIGUES, A. S. Assimetria de Informações e o Risco de
Captura de Agência Reguladora, Revista ANTT, ed.4, 2011.
WEBER,
M. Bureaucracy. Republicado in Classics of Public Administration, 3rd
ed. Jay M. Shafritz and Albert C. Hyde, eds. Pacific Grove, Calif: Brooks/Cole
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