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terça-feira, 4 de novembro de 2014

MEMORIAL DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

  INTRODUÇÃO

Este memorial pretende contribuir para o debate em torno da Assistência Social no âmbito dos avanços e retrocessos, na política nacional de assistência social e a importância dessas reflexões para o Serviço Social, que objetiva desvelar a presença e o enfrentamento da questão social por parte do Estado, visando reconhecer as particularidades das múltiplas expressões da mesma na história da sociedade brasileira.
Desde o período em que o Serviço Social ainda fundava sua base de legitimidade na esfera religiosa, passando pela sua profissionalização e os momentos históricos que a constituíram, a dimensão técnica-instrumental sempre teve um lugar de destaque, seja do ponto de vista do afirmar deliberadamente a necessidade de consolidação de um instrumental técnico-operativo “específico” do Serviço Social, seja no sentido de afirmar o Serviço Social como um conjunto de técnicas e instrumentais – em outras palavras, uma tecnologia social.
Sabe-se também que o Serviço Social, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, esteve ligado ao âmbito da Revolução Industrial, bem como com o surgimento e ascensão do capitalismo industrial, nos séculos XVIII e XIX. Diante das facetas sociais impostas por este sistema aos trabalhadores, surgem as práticas assistenciais que serviram como mecanismos de consolidação da hegemonia capitalista.
Deve-se portanto, pensar o Serviço Social na contemporaneidade, diante das novas exigências profissionais, decorrentes das profundas alterações no mundo do trabalho, das repercussões  da reforma do Estado e, consequentemente, das novas configurações assumidas pela sociedade civil, implica analisar os avanços e os novos desafios da profissão, que culminaram na reformulação do processo de formação profissional. Tal exercício teórico exige, necessariamente, uma revisão crítica da trajetória do debate acumulado da profissão, analisando as conquistas e os dilemas do Serviço Social na consolidação de seu projeto profissional.

Assim, numa perspectiva histórica, dialética e crítica, este trabalho se propõe a refletir sobre a origem da profissão, os avanços, as demandas atuais e contribuições para o desenvolvimento da profissão.

  DESENVOLVIMENTO

Os primeiros relatos sobre o Serviço social foi ligado à Revolução Industrial que iniciou na Inglaterra, no século XVIII, mudando as condições de trabalho, trazendo à tona a questão social, expressa no empobrecimento do trabalhador. Neste contexto da Revolução Industrial, o sistema capitalista surgiu como um grande divisor da história das sociedades e das relações entre os homens trazendo consigo uma revolução econômica e social sem precedentes.
No período do capitalismo o trabalhador passou a vender sua força de trabalho, o seu espaço de trabalho eram as fábricas e uma jornada exploratória e abusiva era determinada pelos patrões, além da submissão destes trabalhadores a tarefas mecanicistas e repetitivas, provocando danos físicos e emocionais, insatisfações e estresses. “No início do século XX o Serviço Social amplia-se a países da Europa e Estados Unidos, tendo a face do poder, da desigualdade e da exploração capitalista, e não a face do trabalhador”. (MARTINELLI, 1991, p.91).
O debate sobre a institucionalidade do Serviço Social percorre a história da profissão em razão da própria natureza desta: o Serviço Social se constitui como profissão no momento histórico em que os setores dominantes da sociedade (Estado e empresariado) começam a intervir, de forma contínua e sistemática, nas consequências da “questão social”, através, sobretudo, das chamadas políticas sociais.

Dar à prática da assistência social o título de trabalho social mostrava-se útil a burguesia, pois a ajudava a ratificar a ideia, na classe trabalhadora, de que era uma prática criada para atender ao trabalhador e a sua família e de que o agente profissional também era um trabalhador. (MARTINELLI, 1991, p.109)

No Brasil, a assistência social incorporou toda sua constituição no critério de inaptidão ao trabalho. E sobre esse assunto, nos remete todo o nosso desenvolvimento social e econômico, como será demonstrado adiante, no decorrer desse trabalho.  Assim sendo, esse difícil entendimento não foi uma característica somente no Brasil, de tratar a assistência de forma subalternizada. Esse procedimento foi implementado por toda Europa, a presença dessas relações nebulosas entre o poder público e as instituições privadas assistenciais como filantropia assistencialista.

Absorvendo a ideologia desenvolvimentista, o Serviço Social se impunha duas tarefas fundamentais: viabilizar a participação do povo no projeto desenvolvimentista do governo e neutralizar as tensões resultantes das contradições da política desenvolvimentista. (SILVA, 1995, p. 42).

Efetivamente, o Movimento de Reconceituação foi um marco para o Serviço Social latino-americano, principalmente por possibilitar aos assistentes sociais o reconhecimento da dimensão política de sua prática profissional, e o comprometimento – ainda que de alguns grupos de assistentes sociais – com os interesses dos setores populares. O Serviço Social é uma profissão que atua na “ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras.” (BRASIL, 2011, p. 24).
A partir da segunda metade dos anos 1980, com o advento da Nova República (1986-1990), a conjuntura econômico-político-social do país foi marcada pelos sinais de falência do Estado intervencionista e, a consequente instauração das bases de minimização do Estado, assumido como novo padrão nos anos de 1990.
Consequentemente essa dinâmica alcançou o Estado brasileiro, que implantou essas exigências impostas pelo processo de acumulação para atender ao grande capital, promovendo algumas mudanças na esfera da política social com o objetivo de adaptar o país ao seu projeto político.

Algumas mudanças no âmbito das políticas sociais procurando funcionalizar essas demandas de acordo com o seu projeto político, por meio da expansão seletiva de alguns serviços sociais. Essa ampliação da cobertura dos programas sociais, em que se incluem as políticas de seguridade social, respondeu preponderantemente pela estratégia de modernização autoritária adotada pelos governos militares. (MOTA, 2008, p. 12).

Desta forma, o Serviço Social têm sua base nas obras e instituições que surgiram com o primeiro pós-guerra em um contexto de grandes movimentos operários na luta por melhores condições de vida. Em São Paulo, surge das instituições assistenciais católicas, no Rio de Janeiro, com forte participação do Estado, pela necessidade de um estado regulador das relações sociais, e em razão do antagonismo gerados entre capital e trabalho. A profissão vinculava-se ao aparelho estatal como válvulas de escape, para o sistema que era inoperante.
 O Serviço Social é requisitado pelas complexas estruturas do Estado e das empresas, de modo a promover o controle e a reprodução (material e ideológica) das classes subalternas, em um momento histórico em que os conflitos entre as classes sociais se intensificam, gerando diversos “problemas sociais” que tendem pôr a ordem capitalista em xeque (NETTO, 2005, p. 10).

O Movimento de Reconceituação do Serviço Social, com toda a diversidade que lhe foi próprio, criticou duramente essa divisão, e proporcionou um aprofundamento teórico-metodológico que possibilitou à profissão romper com esse caráter meramente executivo e conquistar novas funções e atribuições no mercado de trabalho, sobretudo do ponto de vista do planejamento e administração das políticas sociais.

Foi levantada a necessidade de que a profissão se debruçasse sobre a produção de um conhecimento crítico da realidade social, para que o próprio Serviço Social pudesse construir os objetivos e (re)construir objetos de sua intervenção, bem como responder às demandas sociais colocadas pelo mercado de trabalho e pela realidade. (NETTO, 2004, p. 11).

O Serviço Social passava a incorporar nos seus quadros segmentos dos setores subalternizados da sociedade. Estabelece interlocução com as Ciências Sociais e se aproxima dos movimentos “de esquerda”, sobretudo do sindicalismo combativo e classista que se revigora. A partir da década de 70 a profissão, sob as ideias marxistas e através de documentos produzidos em vários encontros de Serviço Social em algumas cidades brasileiras, engaja-se no movimento de conceituação, provocando rupturas com o conservadorismo e assistencialismo, propondo alternativas de ações e não apenas executando.

O percurso do Serviço Social no Brasil, no período de 1964 a 1985, configura uma intensa movimentação dos assistentes sociais que repercute profundamente nas dimensões constitutivas da profissão, representada pela dimensão político-organizativa, pela dimensão acadêmica e, talvez com menor intensidade, pela dimensão da intervenção profissional, no nível dos organismos da política social, das empresas privadas e dos movimentos sociais. (SILVA, M. 2006, p.42)

Diante da necessidade de construção de novas alternativas profissionais, tendo como orientação as exigências  de mudanças estruturais da sociedade brasileira, a formação profissional representa um constante desafio para as Unidades de Ensino Superior. Especificamente, em relação ao Serviço Social,  cabe ressaltar o papel da ABEPSS neste processo, conforme já destacado anteriormente, que desde 1978, dirigiu o processo de redefinição da formação profissional do assistente social, pós-Movimento de Reconceituação, articulando-o às questões conjunturais.
Contudo, na década de 1980, os debates tomaram conta da sociedade brasileira no contexto de transição democrática onde a mobilização de diversos setores da sociedade levou à conquista do reconhecimento da assistência social como direito do cidadão, um dever do Estado na Constituição Federal de 1988, que apontou as possibilidades de construção de uma esfera pública e democrática para a assistência social. No art. 203 da Constituição Federal, ao referir-se especialmente a este novo direito social, estão subscritos que,

A assistência social será prestada a quem dela necessitar independente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II- o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III- promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV- a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V- a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora e deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover própria manutenção, ou de tê-la provida por sua família conforme dispuser a lei. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988).

Nas décadas seguintes a sociedade brasileira engaja-se nas lutas pela redemocratização do país, avanços importantes acontecem no âmbito dos direitos sociais, valendo ressaltar a promulgação da Constituição de 1988, pautada em princípios democráticos, valorizando a cidadania.
No âmbito do Serviço Social é construído o projeto ético-político, pautado no reconhecimento da liberdade como valor central, representado pelo Código de Ética Profissional (1993) e a Lei de Regulamentação da Profissão.
Ao mesmo tempo, o Brasil passava por uma série de transformações na economia e no seu modo de produção. Com uma industrialização crescente, mesmo com o advento da Constituição Federal de 1988, em que a sociedade brasileira vivenciou um período de grandes conquistas – que veio proporcionar a garantia de direitos sociais básicos para a população de forma universal –, o capitalismo avançava para todos os níveis da sociedade, que além do mercado e da economia, passou a regular também a conduta do Estado.

Nosso papel não é falar ao povo sobre a nossa visão de mundo, ou tentar impô-lo a ele, mas dialogar com ele sobre a sua e a nossa. Temos de estar convencidos de que a sua visão de mundo, que se manifesta nas várias formas de sua ação, reflete a sua situação no mundo em que se constitui. A ação educativa e política não podem prescindir do conhecimento crítico dessa situação, sob pena de se fazer “bancária” ou de pregar no deserto. (FREIRE, 1987, p. 87)

Apesar da inserção do Serviço Social no campo sócio jurídico não ser recente, em algumas instituições que compõem esse sistema a inserção é bastante atual, a exemplo do Ministério Público que só ocorreu quase 50 anos após a inserção nos Tribunais de Justiça.
A profissão adentra nesta instituição em meados dos anos 1990, com o objetivo de zelar pela efetiva proteção dos direitos sociais e ainda viabilizá-los de maneira que sejam alcançados por todos, a fim de abarcar tanto os princípios constitucionais e institucionais.

Diante dos desafios apontados, é necessário desenvolver ações relativas ao planejamento estratégico ante a nova gestão de serviços, ter um enfoque multidisciplinar na intervenção, continuar mantendo o dialogo com as ciências sociais e formar um eixo central de democracia, espaço em que se encontra na instituição dos conselhos de direitos, espaço privilegiado de reivindicações. (FERREIRA, C.M., 2009, P.176)

A necessidade de se realizar e redefinir a direção social do projeto de formação profissional do Serviço Social, pautado nos novos desafios e dilemas da contemporaneidade, oriundos do conjunto das crises e inovações da atualidade, torna-se imperante no seio da profissão.
Ainda assim, o que podemos observar é que a nova Constituição Federal de 1988, considerada o nosso maior avanço, indicava a construção de um sistema de proteção social nunca visto antes no país, através das garantias constitucionais, ao mesmo tempo em que o mundo contestava o Estado de Bem-Estar Social, substituindo-o pela justificação imposta pelo projeto neoliberal.
Sem dúvida, é possível considerar a importância da Constituição Federal de 1988, porque esta foi formulada para a viabilização da cidadania como um marco fundamental na história do país, tendo como propósito o bem-estar do homem através da realização de todas as necessidades básicas para uma vida digna, definindo-se como um estatuto básico de uma ordem social. 

CONCLUSÃO

Conclui-se este memorial pensando na atual conjuntura em que vivemos, profundas mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais têm refletido diretamente nos processos de formação profissional de todas as áreas, reafirmando a necessidade de superação de práticas, conceitos, teorias, culminando, assim, numa revisão crítica não somente de currículo, mas de projeto profissional, que efetivamente expressa as novas tendências e condições emergentes na dinâmica social.
O Serviço Social percorreu um longo caminho para se concretizar como política pública no Brasil. Nessa jornada de desafios foram encontrados diversos elementos, já explicitados ao longo desse trabalho, que atrasaram o pleno exercício dos direitos sociais promulgados na Constituição de 1988.
A partir de então a Assistência Social alcançou o patamar de direito, com a universalização do acesso às políticas sociais e com responsabilidade do Estado. Contudo, o país entra em um processo de aprofundamento das políticas neoliberais e consequentemente as políticas sociais dentro dessa lógica ficam submetidas à economia e, para tentar compensar esta nova forma de intervenção do Estado neoliberal.
O Assistente Social ocupa um lugar privilegiado no mercado de trabalho: na medida em que ele atua diretamente no cotidiano das classes e grupos sociais menos favorecidos, ele tem a real possibilidade de produzir um conhecimento sobre essa mesma realidade. Por ser uma profissão inserida na divisão social do trabalho, o assistente social se vê dentro deste contexto com o dilema de intervir de forma eficaz nas diversas expressões da questão social sem ir contra as instituições a qual trabalha.
Diante do que foi exposto, não se pode deixar de reiterar que em tempos de transformações que vêm alterando a economia, a política e a cultura na sociedade brasileira, onde verificamos o agravamento da questão social expressa nos altos índices de pobreza, miséria, desigualdade e desemprego suas mais nítidas expressões da realidade, ao lado da retração do Estado em suas responsabilidades sociais, deveram aprofundar a reflexão sobre o projeto ético-politico que a profissão defende.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Código de Ética do/a Assistente Social. Lei 8.662/93 de regulamentação da profissão. 9. ed. rev. e atual. Brasília: Conselho Federal de Serviço Social, 2011. Disponível em http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf. Acesso em 18 de abr. 2014.
BRASIL, Constituição (1988) Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
BRASIL, Lei Orgânica da Assistência Social. Lei n° 8.742, de 7 de dezembro de 1993
FERREIRA, Claudia Maria. Fundamentos Históricos, teóricos e metodológicos do Serviço Social. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1991.
MOTA, Ana Elizabete. Cultura da Crise e Seguridade Social: um estudo sobre as tendências da previdência e da assistência social, São Paulo, Cortez, 2008.
NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e serviço social.4. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
________________. Ditadura e serviço social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64. 7. ed. São Paulo, Cortez, 2004.

SILVA, Cláudia Neves da. Igreja Católica, assistência social e caridade: aproximações e divergências. Sociologias. Porto Alegre. N.15. jun.2006

sexta-feira, 23 de maio de 2014

INDICADORES SOCIAIS: UM IMPERATIVO NO COTIDIANO DOS ASSISTENTES SOCIAIS ATUANTES NO PROCESSO DE GESTÃO.

1 INTRODUÇÃO

É de conhecimento de todos que no período de processo de formulação das políticas sociais, é necessário que os indicadores sociais sejam devidamente específicos para cada demanda, pois irão subsidiar as atividades e os níveis de vida e bem-estar da população específica e, se necessário, de toda a população.
Para que o indicador social seja eficiente, é necessário que, no primeiro momento, a equipe técnica tenha a percepção do problema a ser pesquisado, a fim de delinear as particularidades, para que, no processo de gestão dos programas, serviços e projetos, os indicadores sociais apontem, de forma avaliativa e com coerência, a decisão da implementação das políticas públicas, contendo eficácia, eficiência e efetividade no presente processo.
O interesse pela temática dos indicadores sociais e sua aplicação nas atividades ligadas ao planejamento governamental e ao ciclo de formulação e avaliação de políticas públicas vêm crescendo no País, nas diferentes esferas de governo e nos diversos fóruns de discussão dessas questões. Tal fato deve-se, em primeiro lugar, certamente, às mudanças institucionais por que a administração pública tem passado no País.
Então, com uma breve análise do artigo “Indicadores sociais: um imperativo no cotidiano dos assistentes sociais atuantes no processo de gestão”, este trabalho fará um breve histórico dos indicadores sociais, bem como alguns elementos que estão presentes no artigo. 

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVO E METODOLOGIA DO TEXTO


O texto "Indicadores sociais: um imperativo no cotidiano dos assistentes sociais atuantes no processo de gestão" teve como objetivo identificar se os assistentes sociais que atuam em projetos sociais, voltados ao idoso e à criança e adolescente no município de Presidente Prudente, utilizando os indicadores sociais no processo de gestão.
A metodologia utilizada foi em forma de pesquisa de campo, tipo qualitativa de analise teórico empírica por meio de entrevista focalizada não estruturada e pesquisa bibliográfica. Além disso, foi feita uma análise conceitual e uma breve trajetória histórica da gestão social.

2.2 ANÁLISE DESCRITIVA


A coleta de dados estatísticos tem crescido muito nos últimos anos em todas as áreas de pesquisa, especialmente com o advento dos computadores e surgimento de softwares cada vez mais sofisticados. Ao mesmo tempo, olhar uma extensa listagem de dados coletados não permite obter praticamente nenhuma conclusão, especialmente para grandes conjuntos de dados, com muitas características sendo investigadas.
A análise descritiva é a fase inicial deste processo de estudo dos dados coletados. Utilizamos métodos de Estatística Descritiva para organizar, resumir e descrever os aspectos importantes de um conjunto de características observadas ou comparar tais características entre dois ou mais conjuntos de dados.
A descrição dos dados também tem como objetivo identificar anomalias, até mesmo resultante do registro incorreto de valores, e dados dispersos, aqueles que não seguem a tendência geral do restante do conjunto.

2.2.1 Quais os tipos de gráfico que são utilizados no artigo? E sua importância.


Os tipos de gráficos que aparecem no texto são barras e pizza. Um gráfico de barras ilustra comparações entre itens individuais. As categorias são organizadas na vertical e os valores na horizontal para enfocar valores de comparação e dar menos ênfase ao tempo.
Já o gráfico de pizza mostra o tamanho proporcional de itens que constituem uma série de dados para a soma dos itens. Ele sempre mostra somente uma única série de dados, sendo útil quando você deseja dar ênfase a um elemento importante Para facilitar a visualização de fatias pequenas, você pode agrupá-las em um único item do gráfico de pizza e subdividir esse item em um gráfico de pizza ou de barras menor, ao lado do gráfico principal.
Os gráficos se apresentam como uma ferramenta cultural que pode ampliar a capacidade humana de tratamento de informações quantitativas e de estabelecimento de relações entre as mesmas. A apresentação gráfica é frequentemente associada à coordenação de informações quantitativas dispostas em dois eixos perpendiculares; um horizontal (chamado eixo dos x ou abscissa) e um vertical (eixo dos y ou ordenada). Convencionalmente, os gráficos podem ser classificados de acordo com o método empregado para se estabelecer a relação entre os valores quantitativos. O modo mais utilizado está vinculado ao diagrama linear, onde a partir da correspondência entre os elementos de cada eixo são estabelecidos pontos que são unidos por segmentos de reta (BIANCHINI, 1993).

A importância da compreensão de gráficos no mundo atual tem sido bastante reconhecida como conteúdo conceitual para primeiros ciclos do ensino fundamental. Ou seja, acredita-se na importância de se iniciar estudos relativos a esta área desde o início da aprendizagem formal de estatística. O fato de gráficos permitirem a representação de dados em diversos conteúdos amplia a importância de tais sistemas de representação, uma vez que não se relacionam apenas com conteúdos da matemática, mas de fato permitem tratamento de informações de diversas outras áreas de conhecimento.

2.2.2 Análise do Gráfico III


De acordo com o Gráfico III do artigo em questão, considera-se a graduação o primeiro contato e conhecimento sobre o tema, que apresenta a matriz curricular dos entrevistados, em relação a indicadores sociais e gestão social. Dos entrevistados, 80% estudaram indicadores sociais em sua graduação e cerca de 60% tiveram gestão social. Embora o gráfico evidencie que 80% tiveram indicadores sociais na graduação, as falas revelam que a abordagem do tema não se esgota nesse período, o que nos remete a outra discussão, relacionado à atualização profissional[1].
A padronização dos serviços socioassistenciais contribuirá no processo de planejamento e também na execução dos mesmos, facilitando o desvelamento da realidade social para a construção de indicadores sociais, para, posteriormente, realizar a avaliação das ações que são desenvolvidas, com o fim de atender aos sujeitos sociais.

Um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de um significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma” (JANUZZI, 2002 p. 15).

Os indicadores sociais devem ser de confiabilidade, válidos e relevantes, de modo a abranger diferentes temáticas da realidade social. Afinal, para a construção do diagnóstico social, precisam obter um retrato detalhado e minucioso acerca da situação social.
Como foi visto no Gráfico III, 80% dos entrevistados estudaram indicadores sociais, isso porque o assistente social tem que ser um profissional graduado no curso de Serviço Social para atuar no campo das políticas públicas, que fazem parte do sistema político do país, atendendo as necessidades sociais da população e a efetivação de direitos previstos em leis. As políticas públicas, de âmbito federal, estadual e municipal se constituem no dever do Estado, e operacionalizam programas, projetos, serviços, benefícios e ações voltadas aos direitos dos cidadãos.

2.2.3 A Importância da Estatística e dos Indicadores para o Serviço Social


Segundo Salsburg (2009), a Estatística revolucionou a ciência através do fornecimento de modelos úteis que sofisticaram o processo de pesquisa na direção de melhores parâmetros de investigação, permitindo orientar a tomada de decisões nas políticas socioeconômicas.
Hoje, a utilização da estatística está disseminada nas universidades, nas empresas privadas e públicas. Gráficos e tabelas são apresentados na exposição de resultados das empresas. Dados numéricos são usados para aprimorar e aumentar a produção. Censos demográficos auxiliam o governo a entender melhor sua população e a organizar seus gastos com saúde, educação, saneamento básico, infraestrutura etc.
Com a velocidade da informação, a estatística passou a ser uma ferramenta essencial na produção e disseminação do conhecimento. O grau de importância atribuído à estatística é tão grande que praticamente todos os governos possuem organismos oficiais destinados à realização de estudos estatísticos.

A expressão "indicadores sociais" surgiu nos EUA, em 1966. Foi veiculada em uma obra coletiva por Raymond Bauer e chamada Social Indicators. A finalidade desse estudo era avaliar os impactos da corrida espacial na sociedade americana. A observação da mudança da sociedade em termos socioeconômicos, dada a precariedade dos dados existentes, só pôde ser contornada por Bauer e seus colegas através da construção de indicadores de caráter social; isso permitiu uma análise aprofundada do conjunto das condições sociais, políticas, econômicas e teóricas (ALTMANN, 1981).

A estatística é definida como um conjunto de métodos e técnicas que envolve todas as etapas de uma pesquisa, desde o planejamento, coordenação, levantamento de dados por meio de amostragem ou censo, aplicação de questionários, entrevistas e medições com a máxima quantidade de informação possível para um dado custo, a consistência, o processamento, a organização, a análise e interpretação dos dados para explicar fenômenos socioeconômicos, a inferência, o cálculo do nível de confiança e do erro existente na resposta para uma determinada variável e a disseminação das informações.

O que se entende por Estatística ou Ciência Estatística é muito mais do que um conjunto de técnicas úteis para algumas áreas isoladas ou restritas da ciência. Por exemplo, ao contrário do que alguns imaginam, a estatística não é um ramo da matemática onde se investigam os processos de obtenção, organização e análise de dados sobre uma determinada população. Também não se limita a um conjunto de elementos numéricos relativos a um fato social, nem a tabelas e gráficos usados para o resumo, a organização e apresentação dos dados de uma pesquisa, embora este seja um aspecto da estatística que pode ser facilmente percebido no cotidiano. (MATSUSHITA, 2010).

O exercício da profissão requer um profissional informado, crítico, culto e atento ao mundo contemporâneo, competente na gestão e elaboração de projetos, avaliação de programas e projetos sociais, capacitação de recursos, gestão de pessoas, entre outros, socializando informações e conhecimentos, propondo novos serviços e ampliando o espaço do Serviço Social.

2.3 PROCESSOS DE TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL



O Serviço Social é uma profissão que está inserida na divisão social e técnica do trabalho e tem como matéria-prima a questão social e suas diferentes manifestações. A questão social, por sua vez, pode ser compreendida e pensada como o conflito gerado entre o capital e o trabalho, entre os sujeitos que possuem os meios de produção e os despossuídos do mesmo, bem como as desigualdades sociais em suas múltiplas expressões sociais. (IAMAMOTO, 2000).

As demandas apresentadas à profissão podem ser oriundas do conflito suscitado entre o capital e o trabalho, como a exploração, o não acesso a direitos, o desemprego, o subemprego, etc., podendo ser vinculadas a outras questões de cunho mais genérico, como à exclusão social, a baixa qualidade de vida, a baixa estima dos indivíduos, grupos e populações, a desestruturação familiar, as diversas formas de violência, entre outros.
Para que os profissionais do Serviço Social intervenham na sua prática cotidiana e institucional, tendo como referência os princípios ético-políticos da profissão, faz-se necessário identificar e desvelar, na realidade, a questão social e suas múltiplas manifestações.
Segundo Faleiros (2001), a proposta que é possível e viável na construção de uma estratégia de intervenção profissional, sem se perder a força e o conhecimento específico da profissão, seria a de assumir a particularidade da profissão no contexto das transformações das relações e da realidade social.
Quando o assistente social intervém em uma dada realidade, que tem uma determinada demanda, ele deve, através dos processos de trabalho, intervir naquela parte do real, do total, sem perder o foco de fazer o movimento de visualizar naquela particularidade a totalidade.

Os processos de trabalho podem ser compreendidos como uma matéria-prima ou objeto sobre o qual incide a ação, meios ou instrumentos de trabalho que potenciam a ação do sujeito sobre o objeto; é a própria atividade, ou seja, o trabalho direcionado a um fim, que resulta em um produto. (IAMAMOTO, 2000, p. 61-62).

A instrumentalidade no exercício profissional do assistente social parece ser algo referente ao uso daqueles instrumentos necessários ao agir profissional, através dos quais os assistentes sociais podem efetivamente objetivar suas finalidades em resultados profissionais propriamente ditos.
Neste âmbito, o processo de trabalho é compreendido como um conjunto de atividades prático-reflexivas voltadas para o alcance de finalidades, as quais dependem da existência, da adequação e da criação dos meios e das condições objetivas e subjetivas. Os homens utilizam ou transformam os meios e as condições sob as quais o trabalho se realiza modificando-os, adaptando-os e utilizando-os em seu próprio benefício, para o alcance de suas finalidades.

2.4 COMUNICAÇÃO POPULAR E COMUNITÁRIA


Para se entender a comunicação humana e suas origens, seu processo evolutivo, torna-se necessário fazer uma análise sucinta da própria evolução humana a partir dos elementos da comunicação presentes no processo, suas diferentes abordagens e consequentes mudanças. Sendo assim, é preciso entender o papel da comunicação comunitária e de sua relação com Cidadania, particularmente através do resgate da cultura e construção da identidade dos indivíduos; e por outro, em reflexões ocorridas a partir de observação participante.

Até o final do século XV, os participantes do processo de comunicação estavam presentes no mesmo referencial de tempo e espaço e a comunicação humana era desenvolvida "face-a-face". Muito importante para ele era esta característica dialógica, em que a proximidade dos agentes comunicativos diminuía a possibilidade de ruídos ou distorções na mensagem. (THOMPSON, 1999).

Pelos conceitos expostos pode-se ver que o conceito de comunicação é muito amplo, pois envolve todas as instâncias nas quais a conduta de qualquer ser humano, consciente ou não, quer atue como estímulo intencional ou não, da conduta de um para com o outro reciprocamente.
A comunicação popular e comunitária vão se vincular em geral aos movimentos e manifestações reivindicatórios, sindicais e libertários, em prol da justiça social.

O estudo da comunicação popular redefiniu o marcos da problemática da comunicação: durante muito tempo, falar de comunicação significou falar de meios, canais, mensagens. Agora falar de comunicação popular implica falar de cultura, de relação. E necessita para tanto, da interdisciplinaridade em seu sentido mais profundo [...] A redefinição do popular permitiu pensar a diversidade e a pluralidade e revalorizar a relação entre comunicação de massa e comunicação popular. (BERGHER, 1989).

Para que se possa entender a importância desse processo, de intermediações é importante entender a relação existente entre cultura., personalidade e identidade, assim é importante explicitar o entendimento de cada um desses elementos e sua importância no processo de socialização.
Desde o aparecimento da Imprensa, Rádio e Televisão, que se começou a procurar dar resposta aos eventuais efeitos destes meios na sociedade e qual o seu papel enquanto formadores de opinião e de transmissão de conhecimento. O papel destes meios enquanto elementos que produzem informação, – também enquanto veículos de transmissão de conteúdos culturais -, tem sido um dos temas mais aflorados mas pouco esclarecidos do universo de várias ciências sociais.

3 CONCLUSÃO

Conclui-se este trabalho relembrando que os Indicadores sociais, como foi visto, tiveram uma boa aceitação desde seu surgimento e estão inseridos no planejamento governamental da maioria dos países.
Uma das grandes dificuldades atuais no acompanhamento de programas públicos é dispor de informações periódicas e específicas acerca do processo de sua implementação e do alcance dos resultados e do impacto social que tais programas estão tendo nos segmentos sociodemográficos ou nas comunidades focalizadas por eles.
Vale salientar que os indicadores sociais embora possam ser também um instrumento de controle, é um dos elementos que contribuem para uma gestão democrática, preocupada com a construção de respostas profissionais que atendam às demandas sociais e aí está o desafio do assistente social tomar posse desse instrumento na dimensão ético-político profissional.
Sendo provenientes de uma mesma realidade, os indicadores necessitam de estudos aprofundados para significação dos dados mensuráveis diante da realidade de cada município ou região. No entanto isso não significa que esses estudos possam ser ignorados, pois apontam questões importantes e, quando contextualizados, podem contribuir para a qualificação de processos administrativos e pedagógicos.
Como foi citado no artigo que foi estudado, é sabido que os assistentes sociais têm desafios constantes, portanto, cabe aos mesmos estacionar perante a dificuldade que a própria realidade apresenta ou desafiarem a realidade, a fim de transformá-la com o conhecimento que se busca.
  

REFERÊNCIAS

ALTMANN, Werner (1981). A temática dos indicadores sociais e sua resultante atual: a qualidade de vida. Indicadores Sociais de Sergipe, Aracaju, v.3, p.187-204.
BERGER, C.. A comunicação emergente: popular e/ou alternativa no Brasil, 1989.
 Disponível em: <http://migre.me/j0vrV> Acesso em 23 abr. 2014.
Bianchini, E. (1993). Matemática. v. 1-4, 3. ed. rev. e aum. São Paulo: Moderna. Disponível em: <http://www.ufrrj.br/emanped/paginas/conteudo_producoes/docs_
22/carlos.pdf> Acesso em 22 abr. 2014.
FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.
GIROTO, Ana Paula, et al. Indicadores sociais: um imperativo no cotidiano dos assistentes sociais atuantes no processo de gestão. Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1355/1294>. Acesso em:  20 abr. 2014.
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