INTRODUÇÃO
É de conhecimento da
população que houve uma melhoria das condições sociais no Brasil, com a diminuiçãodas
fecundidades e da mortalidade e mudando o quadroda faixa etária do país. Além
disso, houve também a redução da população jovem e o aumento relativo da
população idosa, produzindo assimmudanças demográficas, econômicas e sociais.
Esse aumento da
quantidade de idosos guia o país para mudanças na direção das transferências
monetárias entre gerações. Faz, também, com que o Estado assuma maior
responsabilidade no financiamento dos serviços de saúde destinados a essa
população.
O fato dessa mudança na
faixa etária brasileira traz também dificuldades relativasao conceito de idoso e
que essas diferenças não impedem a associação do envelhecimento à idade
cronológica. Isso aponta para uma estimativade como envelhecer, mesmo quecorpo
humano nem sempre respeita a idade cronológica.
Tendo em vista os fatos
levantados e sobre ocrescimento da população idosa,busca-se analisaresse
percentual mais velho na população total, independente de uma eventual
diminuição da população jovem, como resultado da queda da mortalidade dos
idosos ou ainda pela imigração seletiva de idosos, definindo-se, dessa forma, o
que se nomeia como o envelhecimento pelo topo.
O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO BRASIL E O SUS
Entende-se que
o ato de envelhecer está relacionado a um processo biológico da diminuição das
capacidades físicas, associado a novas fragilidades psicológicas e de comportamento.
Portanto, a vida saudável deixa de estar ligada a idade cronológica e passa a
ser compreendida como a capacidade do corpo de atender às necessidades do
dia-a-dia, a capacidade e motivação física e psicológica para continuar na
busca de novos objetivos e conquistas pessoais e familiares. Entretanto, é
convencional considerar-se a existência de uma fronteira, que se situa perto
dos 65 anos.
O crescimento do número de idosos e as
implicações desse crescimento na construção de um novo perfil epidemiológico de
atenção à saúde, caracterizando um período de transição epidemiológica, em que
enfermidades infecto-parasitárias coexistem com a elevação da prevalência de
doenças crônico-degenerativas, refletem-se em mudanças na estrutura da atenção
de cuidados hospitalares e na consequente elevação dos custos de atenção médico
hospitalar. (BAER, 2000).
As mudanças nos
quadros etários vêm sendo observadas desde a década de 30, um declínio
constante nos números de mortalidade por doenças, queprosseguiram com altas frequências
e respondem por grande parte da mortalidade da população, provando que os anos
que seguem vêm experimentando uma elevação do número de doenças infecciosas
como a tuberculose.
A Organização
Mundial da Saúde OMS (OMS, 1984) considera o idoso, sob o ponto de vista
cronológico,como aquele indivíduo que possui 65 anos ou mais deidade em países
desenvolvidos, enquanto que, em países em desenvolvimento, prevalece a idade de
60 anos ou mais. Além disso, no Brasil, temos dispositivos legais que
referendam a população idosa com essa faixa etária (BRASIL, 1996).
A questão
cronológicado idoso, tem sob ponto de vista, uma problemática que merece ser
discutida em todos os eixos, porque a expectativa de vida está aumentando sucessivamente,
bem como nos países em desenvolvimento, como o Brasil, e esta explicação foi dada
pela OMS há mais de 25 anos.
O crescimento
dessa faixa etária vem se manifestando de forma distinta em diversas partes do
mundo, sendo que nos países com maior grau de desenvolvimento essa mudança
ocorreu de forma gradual e lenta (VERASet al., 2001).
Entre as
décadas de 40 e 60, a população do Brasilteve um declínio na taxa de
mortalidade e, depois este período, presenciou-se um crescimento naquantidade
de idosos e diminuição da natalidade, que aconteceu, primeiramente, nos grupos
populacionais mais ricas e residentes nas regiões mais desenvolvidas do país.
Essas mudanças foram logo absorvidas pelas outras regiões, o que desencadeou o
processo de transição da estrutura etária.
Neste século
XXI o processo de envelhecimento da população brasileira sofrerá uma forte
inflexão para cima, em razão de as gerações nascidas a partir da queda da
fecundidade vivenciarem níveis de reprodução abaixo da reposição, tendo como
resultado menores gerações produzindo menores números de filhos. Tal situação
ocorrerá em uma condição em que as últimas gerações crescentes de população adulta
ainda estão vivas, combinando, assim, a passagem de números significativos de
adultos para a velhice com gerações jovens decrescentes. (MOREIRA, 2010).
De acordo com
Veras (2007) o elevado número de idosos que foram sendo incorporados anualmente
à população brasileira, não podia deixar de considerar suas consequências para
o sistema de saúde, como o aumento de atendimentos aos portadores de doenças
crônicas não transmissíveis, complexas e onerosas, típicas da população idosa
que perduram por anos e exigem cuidados constantes, medicação contínua e exames
periódicos.
Mas o que se
destaca nesse cenário é o aumento dos investimentos destinados à aquisição de
medicamentos no Brasil, no período compreendido entre 2002 e 2006, que
cresceram 123,9%, ao passo que o orçamento geral do Ministério da Saúde
aumentou 9,6% (VIEIRA & MENDES, 2007),
Continuando com
os pensamentos de Vieira e Mendes (2007), essa constatação leva à preocupação
imediata com o aumento da demanda por serviços de saúde, além da elevação dos
seus custos.Observa-se que o número de condições crônicas aumenta de 4,6 para
5,8 vezes entre os indivíduos situados na faixa etária de 65 a 75 anos de
idade.
No Brasil, em
2008, os idosos representavam 9,5% da população, de forma que, caso as projeções
se confirmem no ano de 2050, eles representarão aproximadamente 30% da
população brasileira (IBGE, 2008).
Com base nisso
e fora isso,Baldoni e Pereira (2010) alertam que é importante “considerar que
as morbidades mais prevalentes encontradas foram doenças crônicas que exigem
monitoramento e tratamento contínuo, tais como hipertensão arterial sistêmica e
diabetes mellitus”, ou seja, isso reflete na necessidade do aumento de
investimentos por parte do sistema de saúde do Brasil.
Com o aumento no
número de idosos, é previsto que também aumente o consumo de remédios, vale
destacar que também, pela mesma haja a alta incidência de fraturas entre os
idosos, mais um problema que desafia o sistema de saúde atualmente, pois, de
acordo com Ministério da Saúde, esse problema tem assumido dimensões de
epidemia, o que gera necessidade de aumento dos recursos financeiros para o
SUS.
No ano de 2009,
os investimentos destinados ao tratamento dessas fraturas foram de
aproximadamente R$ 81 milhões e R$ 24,77 milhões foram gastos com medicamentos
para tratamento da osteoporose. Verifica-se que as parcelas dos recursos
financeiros destinadas a esses fins aumentam anualmente (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009).
Fazendo uma
análise global do gasto público, compreende-se que a ação orçamentária para a
saúde tem aumentado de maneira diferente nosvários países do mundo ao longo das
últimas décadas. Em vista disso, e acreditando que os idosos compõem a idade
que mais se consome medicamentos, é clara a necessidade de procurar medidas
para a racionalização desses importantes recursos de cura e terapia.
De fato,
entende-se que a saúde, é prescrita como uma prestação de atenção
médico-hospitalares, voltada para ações curativas, e a necessidade cada vez
mais importante depessoas especializadasque se incorporem nas tecnologias,
tem-se tornado mais dispendiosa para todas as faixas etárias. Porém, as pessoas
mais idosas têm um perfil de morbidade mais caro, por pelo menos três razões:
a) a morbidade
prevalecente nessas faixas etárias é mais cara (doenças crônico-degenerativas);
b) as taxas de internação em faixas etárias mais avançadas são mais elevadas,
ou seja, essas pessoas tendem a “consumir” mais serviços de saúde; e c) o custo
médio de internação de pessoas idosas é maior do que aquele observado em faixas
etárias mais jovens (GLENNERSTER; MATSAGANIS, 2005).
Nesse cenário,
ao se calcular o custo das internações nos hospitais obteve-se uma aproximação
do molde de morbidade hospitalar da população idosa brasileira. A melhor forma
de produzir informações sobre a morbidade é a realização de inquéritos sobre
doenças específicas.
O essencial
éacreditar que as morbidades mais encontradas foram doenças crônicas que exigem
assistência e tratamento contínuo, tais como hipertensão arterial sistêmica e
diabetes mellitus e isso repercute em necessidade de aumento de investimentos
por parte do sistema de saúde do país.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o
envelhecimento da população brasileiratalvez traga algumas preocupações, basicamenteligadas
ao sistema público de saúde, pois se sabe que os idosos são a faixa etária que
costumamutilizar maior quantidade de medicamentos. Alia-se a esse fato a
escassez de recursos financeiros destinados à saúde e ainda que o medicamento seja
importante instrumento de recuperação, prevenção e tratamento, principalmente
das doenças crônicas.
Quando acontece o aumento da
população idosa, analisa-se que daí se torna um desafio para as áreas econômicas
e sociais, deixando a responsabilidade do governo, mas também sociedade. Com
isso, instaura-se um novo paradigma em curso, merecedor de estudos e
estabelecimento de políticas públicas específicas para a prevenção de seus
efeitos. A racionalização na utilização de medicamentos apresenta-se como um
dos objetivos fundamentais para a equipe de saúde pública.
O enfretamentodo
envelhecimento da população do país de maneira mais estruturada se torna
necessária aparticipação da sociedade, dos profissionais das áreas de
assistência social e saúde, bem como dos governantes em geral, para que se
trabalhe na formulação, implantação e, principalmente, na implementação de
políticas públicas voltadas para o pleno atendimento ao idoso. Entende-se finalmente,
que se deve fazer valer os direitos já evidenciados em estudos científicos e
proclamados em dispositivos legais e ainda não implementados no país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
* BAER, W., CAMPINO, A. C., CAVALCANTI, T. Condições e política de saúde no Brasil:
uma avaliação das últimas décadas. Economia Aplicada, São Paulo, v.4, n.4,
p.763-785, 2000.
* BALDONI AO, PEREIRA LRL. Estudos de utilização de medicamentos em idosos atendidos pelo Sistema
Único de Saúde. [Dissertação]. Ribeirão Preto: Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2010.
* BRASIL. Lei
n. 8842/94 que a institui, regulamentada pelo Decreto n.1948 de 04 de janeiro
de 1996. Estabelece a Política Nacional do Idoso. Diário Oficial da União,
04 jan. 1996.
* IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística. População brasileira
envelhece em ritmo acelerado.2008]. Disponível em: <http://
www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php> Acesso em 19 abr. 2013.
* GLENNERSTER; MATSAGANIS. O Envelhecimento Populacional e As Despesas do Sistema único de Saúde.
In: Idosos além 60. Diretoria de Estudos Sociais do IPEA e da UniCEUB, 2005.
Ministério da Saúde. Queda em Idosos: SUS gasta quase R$ 81 milhões com fraturas em
idosos em 2009; 2009. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33674&janela=1>
Acesso em 19 abr. 2013.
* MOREIRA, Morvan de Mello. O Rápido Envelhecimento da População
Brasileira: Intensidade e Características. UFPE., 2010. Disponível em:
<http://www.redadultosmayores.com.ar/buscador/files/BRASI015_deMeloMoreira.pdf>
Acesso em 17 abr. 2013.
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