Tradutor

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A COMPREENSÃO E APLICAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO JUNTO ÀS POLÍTICAS SOCIAIS – A REALIDADE LOCAL

1 INTRODUÇÃO

A relevância do tema proposto circunda, de um lado questionamentos desvelados no decorrer da formação acadêmica, a partir da reflexão teórico-prática e da aspiração em compreender o significado social da profissão e a condição do Assistente Social como trabalhador, de outro, a temática vem ao encontro do debate pautado em encontros, congressos, simpósios da categoria, testemunhando a centralidade que adquiriu o tema na própria identidade do Serviço Social brasileiro, e sustentação nuclear do trabalho profissional dos Assistentes Sociais inseridos nos respectivos espaços ocupacionais, assim como a afirmação da direção social e política da profissão neste contexto. Dada a indissociabilidade do projeto profissional aos projetos societários (NETTO, 1999).

Este trabalho é referente ao projeto de pesquisa tendo como tema o Projeto Ético-Político do Serviço Social, a partir de da pesquisa de campo realizada juntamente com uma assistente social que atua no Departamento da Maternidade do Hospital Regional Rui de Barros Correia.
O principal intuitofoiapresentar os resultados investigados para que se possa analisar como os assistentes sociais levam ao cotidiano o Projeto ético-político do Serviço Social no trabalho realizado no âmbito das políticas públicas, com vistas a contribuir com subsídios para o fortalecimento deste projeto coletivo.
A proposta de apresentar o Projeto Profissional como objeto de estudo é mostrar as várias áreas de atuação deste profissional que a cada dia vem crescendo em nosso cotidiano com grande responsabilidade de esclarecimento e intervenção sobre as classes carentes da sociedade.

2 DESENVOLVIMENTO

 

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO

A Instituição escolhida foi o Hospital Regional Rui de Barros Correia, mas precisamente o Departamento de Serviço Social da Maternidade. O HRRBC fica localizado na Avenida Agamenon Magalhães Melo, SN, no Centro de Arcoverde-PE.
A natureza do HRRBCé governamental. Tendo as ações desenvolvidas da forma mais humanizada que existe. O dia começa com as admissões dos pacientes, que nada mais é do que a observação de quem vai ficar e de quem vai receber alta. A assistência é realizadacom muito conforto (alimentação, acomodação e segurança) e para quem recebe alta é dada a total atenção e segurança na hora de voltar para casa.O departamento da Maternidade do HRRBC é composto por 3 funcionários: 1 assistente social, 02 auxiliares administrativos que se reservam em regime de plantão 12x24.
O número de usuários atendido em média é de 20 gestantes por dia e o serviço social está disponível para todas. O acesso é fácil por conta que desde a entrada para a triagem, o serviço social está presente para que as pacientes sintam-se seguras. A demanda reprimida é de puérperas, por não ter neo-natal e incubadoras de UTI.
  

2.2HISTÓRICO DO SURGIMENTO DESTE SERVIÇO

O serviço social iniciou-se na Maternidade em junho de 2011 com o projeto de humanizar uma rotina que antes não existia, como organização de acompanhantes, conforto ou puérperas e disciplina. Tendo em média 20 atendimentos por dia.
As ações ofertadas pelo serviço social tem a intenção de organizar a maternidade e com isso algumas vezes por mês, o assistente social apresenta os projetos na clínica para melhorar o ambiente, como por exemplo, a Semana da Criança, onde os bebês recém-nascidos são reunidos na unidade para uma atenção especial.
Os projetos profissionais representam a autoimagem da profissão, elegem valores que a legitima socialmente e priorizam os seus objetivos e funções, formulam os requisitos para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as balizas da sua relação com os usuários de seus serviços, com outras profissões e com as organizações e instituições sociais [...] (NETTO, 1999, p. 95).

A intenção das ações ocorridas no serviço ao longo da sua existência é melhorar o funcionamento da maternidade, mais infelizmente o serviço ainda não é aceito como deveria.
Apesar disso, todos os dias, se coloca em prática a educação e a honestidade para que os próprios funcionários valorizem o serviço, com isso acontecem muitas mudanças por conta que funcionários não aceitarem certos métodos, mesmo assim o serviço social persevera.
  

2.3 COMPREENSÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DO PROJETO ÉTICO-POLÍTICO NO COTIDIANO PROFISSIONAL

No que se refere à autonomia do trabalho, as condições objetivas de estruturação do espaço institucional devem assegurar aos/às profissionais o direito de realizar suas escolhas técnicas no circuito da decisão democrática, garantir a sua liberdade para pesquisar, planejar, executar e avaliar o processo de trabalho, permitir a realização de suas competências técnica e política nas dimensões do trabalho coletivo e individual e primar pelo respeito aos direitos, princípios e valores ético-políticos profissionais estabelecidos nas regulamentações profissionais (BEHRING, 2003).

A entrevista foi realizada com a assistente social responsável pela maternidade do HRRBC, Maria do Carmo B. Nascimento. A primeira questão a ser levantada foi sobre as atribuições e as competências que são solicitadas ao assistente social. A entrevistada respondeu que o assistente social sendo o profissional que garante os direitos sociais do usuário, na área de saúde, cabendo a ele articular com a rede socioassistencial; conhecer as condições de vida do usuário, bem como os determinantes sociais que interferem no processo saúde-doença; facilitar o acesso a todos os usuários aos serviços de saúde; garantir aos usuários o acesso à rede de serviços e direitos sociais; buscar a integração da equipe multidisciplinar, indispensável na atenção à saúde; estimular a intersetorialidade na busca de ações que fortalecem a articulação entre as políticas de seguridade social; superar a fragmentação dos serviços; garantir o atendimento às necessidades sociais.
A assistente social continua dizendo que não existem fórmulas, porém não se devem ficar acuado diante dos obstáculos e nem desconsiderar que há um conjunto de atividades alternativas a serem desenvolvidas pelos assistentes sociais na competência do assistente social: ter livre exercício profissional; participar na elaboração do gerenciamento de políticas sociais; sigilo profissional; zelar pelos princípios do código de ética, etc.
Em seguida, foi perguntado sobre o Projeto Ético-político, que apara a assistente social é o que garante os parâmetros para uma atuação profissional articulada, descentralizada e possibilitando ao profissional uma reflexão do papel que exerce diante do usuário.
A próxima pergunta foi sobre o cotidiano profissional junto ao Projeto Ético-político, a entrevistada respondeu que o assistente social deve romper com as práticas rotineiras e burocráticas, e que se deve fazer uma reorganização de sua atuação contribuindo para a defesa das políticas públicas de saúde e para a garantia dos direitos sociais diante de suas atribuições no Projeto Ético-político, garantindo fortalecer a participação social do cidadão.
Finalizando a entrevista, foi-se perguntado quais eram os entraves e as perspectivas de aplicação do Projeto Ético-político no espaço sócio ocupacional. A assistente disse que toda mudança causa impacto e que o Projeto Ético-político veio para mudar as práticas rotineiras de muitos profissionais. Contudo, ela prossegue, os entraves existem, principalmente quando os usuários são considerados sujeitos de direitos e cabe ao profissional garantir os direitos sociais e fortalecer o trabalho dos assistentes sociais. Para ela, o Projeto Ético-político garante uma maior qualidade do atendimento prestado à população usuária, na perspectiva desse projeto destacar-se na democratização das ações, com a adoção de um novo modelo assistencial pautado na integralidade e equidade dessas ações, além de ter transparência no uso de recursos e ações do governo e a descentralização com o controle social democrático.

3 CONCLUSÃO

É possível perceber que a responsabilidade ética profissional, em suas várias formas de expressão, exige a participação ativa dos sujeitos coletivos, que são os protagonistas de escolhas e posicionamentos de valor. Desta forma, o grau de exigência de tais escolhas e as interligações que elas completam, muda qualitativamente, de acordo com determinações que são condicionadas na história.
Assim, os valores contidos no Projeto Ético-político são direcionamentos das escolhas, posicionamentos e julgamentos dos valores que acontecem diariamente. Entretanto, para que aconteçam, é necessário que ganhem efetividade na transformação da realidade, na concreta prática social, seja ela no caminho de um atendimento concretizado ou de um direito adquirido.
A relação entre o assistente social com os usuários nos limites da ética profissional tem como objetivo estar ligados às ações feitas com consciência, do alargamento do espaço profissional o que vai implicar no compartilhamento coletivo com outros profissionais e nas entidades dos movimentos sociais organizados. Isso faz com que seja possível a ação ético-política mais ligada ao projeto coletivo, adquirindo possibilidades maiores de respaldo nas horas de enfrentamento e de resistência.

BIBLIOGRAFIA

BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivonete. Política Social: Fundamentos e História. 2ª edição. São Paulo: Cortez editora, 2007.
______________. Notas sobre Organização Política e Sindical dos Assistentes Sociais. Rio de Janeiro, 2003.
FERREIRA, Cláudia Maria. Fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do serviço social IV. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
NETTO, Paulo José. Ditadura e serviço social: uma análise do social no Brasil pós 64. São Paulo: Cortez, 1998.
_________________.  A construção do projeto ético­político profissional frente à crise contemporânea (Curso de Capacitação em Serviço Social e Política Social) 
Brasília: CFESS/ABEPSS/CEAD, 1999.
SANTINI, Maria Ângela. Ética profissional: serviço social. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
SIKORSI, Daniela. Oficina de Formação: Instrumentalidade do serviço social. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.


Nenhum comentário:

Postar um comentário